Energias Renováveis – EDIÇÃO 1/4

Autoria: Eduarda Vasques; Laura Casari; Livia Maria

Coordenação: Lillyane Vieira

Revisão: Luciana Moraes

Julho de 2021 Brasil

“The world’s ecological deficit is referred to as global ecological overshoot. Since the 1970s, humanity has been in ecological overshoot, with annual demand on resources exceeding Earth’s biocapacity. Today humanity uses the equivalent of 1.6 Earths to provide the resources we use and absorb our waste. This means it now takes the Earth one year and eight months to regenerate what we use in a year. We use more ecological resources and services than nature can regenerate through overfishing, overharvesting forests, and emitting more carbon dioxide into the atmosphere than forests can sequester.”
"O déficit ecológico mundial é referenciado como uma sobrecarga ecológica global. Desde a década de 1970, a humanidade tem estado em sobrecarga ecológica com uma procura anual de recursos que excedem a biocapacidade da Terra. Atualmente, a humanidade utiliza o equivalente a 1,6 Terras para conseguir os recursos que consumimos e absorver nossos resíduos, isto significa que a Terra demora em torno de um ano e oito meses para regenerar o que usamos em um ano. Utilizamos mais recursos e serviços ecológicos do que a natureza é capaz de regenerar, através da sobrepesca, da sobre-exploração das florestas, e emitindo mais dióxido de carbono à atmosfera do que as florestas conseguem reabsorver."
"El déficit ecológico global se conoce como una carga ecológica global. Desde la década de 1970, la humanidad ha estado en sobrecarga ecológica, con una demanda anual de recursos que excede la biocapacidad de la Tierra. Actualmente, la humanidad usa el equivalente a 1.6 Tierras para obtener los recursos que usamos y absorber nuestros desechos. Esto significa que la Tierra tarda alrededor de un año y ocho meses en regenerar lo que usamos en un año. Utilizamos más recursos y servicios ecológicos de los que la naturaleza puede regenerar, mediante la sobrepesca, la sobreexplotación de los bosques y la emisión a la atmósfera de más dióxido de carbono del que los bosques pueden reabsorber."(Global Footprint Network).

Introdução

A primeira coisa que vem à mente quando falamos em energia, principalmente em energia elétrica, é a luz da nossa casa. E quando pensamos “de onde vem essa eletricidade?”, associamos rapidamente às companhias de energia elétrica da nossa cidade e às grandes hidrelétricas.

Seria essa luz que chega à nossa casa uma Energia Renovável?

Energia Renovável é toda fonte de energia proveniente de recursos naturais considerados – praticamente – inesgotáveis. São renováveis, pois quando comparadas às não renováveis são consideradas mais limpas por emitirem pouca ou nenhuma emissão de gases poluentes na atmosfera e, consecutivamente, apresentarem um menor impacto ambiental. São elas: a energia hídrica, maremotriz, geotérmica e, as novas energias emergentes, como a energia solar, eólica e de biomassa.

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Hidrelétrica

Já as energias não renováveis, também chamadas não-convencionais, são aquelas que, se usadas de forma exacerbada, tendem a se esgotar, e que também apresentam um maior impacto ambiental – são os combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural, xisto e carvão mineral.

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Usina de Petróleo. Foto: CBIE

Principais energias renováveis utilizadas no Brasil

  • Hidráulica – Usa a água como fonte de energia. Brasil é o 2º país, depois da China, com maior capacidade de obter energia por Hidrelétricas.
  • Energia Solar – É a energia ecológica mais promissora para o futuro e a que recebe mais investimentos. São fáceis de serem implantadas e reduzem a produção de CO2. Fotovoltaica – A energia solar fotovoltaica é tida por muitos como uma das soluções para a geração de energia elétrica sustentável, através de uma fonte inesgotável e a carbono neutro (não poluente na geração), proporcionando benefícios ambientais e eficiência energética na matriz de energia brasileira. É usada através de painéis que convertem a irradiação do sol diretamente em energia elétrica.
  • Eólica – Possui emissão de CO2 mais baixa que da Energia Solar. É produzida a partir da energia cinética do vento e aquecimento eletromagnético do sol. O Brasil entrou no ranking de países mais atraentes para investimento nessa energia, é a opção mais viável para que o país não dependa somente das hidrelétricas.
  • Biomassa – Toda a matéria vegetal e orgânica existente, pode ser utilizada na produção de energia. Como exemplos: a lenha, o bagaço de cana-de-açúcar, o cavaco de madeira, os resíduos agrícolas, as algas, os restos de alimentos e até os excrementos animais, que, após suas decomposição, produzem gases que são usados para gerar energia. No Brasil, a biomassa mais utilizada para geração de eletricidade atualmente é oriunda da cana-de-açúcar.
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Painéis fotovoltaicos e turbinas de vento
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Produção de energia alternativa com biomassa

Panorama geral do Brasil – antes e depois

Oferta Interna de Energias:

Renováveis e não renováveis entre 2010 e 2019

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Como vemos no gráfico acima, o uso de energias renováveis ainda não conseguiu superar as não renováveis, a maior variação ocorreu em 2014, mas não de forma positiva, chegamos a 60.6% de oferta interna de energia não renovável.

Os dois setores que mais consomem energia são o de Transporte (32,7%) e o da Indústria (30,4%).

A grande problemática está no setor de transporte e na utilização de Petróleo e derivados, enquanto a Indústria usa 58% de energias renováveis, o setor de Transporte utiliza apenas 25%. Entre os anos de 2010 a 2019, o Brasil só aumentou em 5% a utilização de energias renováveis no setor de transporte.

Em 2019, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 419,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo a maior parte (193,4 Mt CO2-eq) gerada no setor de transportes.

Atualmente, o uso de energia renovável no Brasil coloca o país em uma posição de destaque no cenário regional e global. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis atingiram uma demanda de participação de 46,1% na matriz energética, o que representa três vezes o percentual mundial.

Conforme o mapa abaixo, observamos que em termos de capacidade instalada de energia renovável, o Brasil ocupa o terceiro lugar do ranking mundial, com 141.932 MW. Estamos atrás apenas da China, com incríveis 788.916 MW, e dos Estados Unidos, com 282.656 MW.

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Ranking Mundial de Capacidade de Energia Instalada

Qual energia o Brasil mais utiliza?

Matriz energética

Historicamente, o Brasil se destaca por ser um país com um alto percentual de fontes renováveis de energia em sua oferta interna quando comparado ao resto do mundo. Nos últimos 20 anos, a participação das renováveis na matriz energética brasileira, manteve-se estável com valores superiores a 40%, o que já é um grande desafio para o país. Mais recentemente, entre 2011 e 2014, houve uma redução da participação das renováveis na matriz energética devido à queda da oferta hidráulica, associada à menor quantidade de chuvas. A partir de 2015, as fontes renováveis retomam uma trajetória de crescimento com a expansão da oferta de derivados da cana, eólica e biodiesel, atingindo 46,1% em 2019. (EPE)

  • Matriz Energética Mundial: (2018, IEA)
    • 86% Não Renováveis
    • 14% Renováveis
  • Matriz Energética Brasileira: (2019, BEN)
    • 54% Não Renováveis
    • 46% Renováveis

Matriz elétrica

O Brasil dispõe de uma matriz elétrica de origem predominantemente renovável, com destaque para a fonte hídrica que responde por 64,9% da oferta interna. As fontes renováveis representam 83,0% da oferta interna de eletricidade no Brasil, que é a resultante da soma dos montantes referentes à produção nacional mais as importações, que são essencialmente de origem renovável (BEN, 2020).

  • Matriz Elétrica Mundial: (2018, IEA)
    • 75% Não Renováveis
    • 25% Renováveis
  • Matriz Elétrica Brasileira: (2019, BEN)
    • 17% Não Renováveis
    • 83% Renováveis

Devido ao seu enorme potencial hídrico, o Brasil vem historicamente focando seus investimentos em hidrelétricas.

De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), temos 875 hidrelétricas, entre centrais geradoras hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas no país.

É justamente essa enorme quantidade de hidrelétricas que coloca o Brasil no Top 3 do ranking mundial de capacidade instalada de energia renovável. No entanto, é bom ressaltar que, apesar de a energia hidráulica ser limpa, a construção das hidrelétricas causa uma série de impactos ambientais e sociais. O grande problema das hidrelétricas é o impacto ambiental causado quando ocorre rompimento de represas, além de apresentarem uma maior emissão de CO2.

O mais indicado seria o Brasil diversificar sua matriz renovável e investir mais para criar usinas de energia solar, eólica e de biomassa. Ainda que também causem repercussões na natureza, normalmente essas ocorrem apenas no local em que são produzidas e são facilmente controladas.

Série Brasil – Ceará

Apesar das hidrelétricas serem a grande potência em geração de energia renovável para o Brasil, o estado do Ceará não usufrui dessa energia, pois possui escassez de recursos hídricos.

Em contrapartida, a posição geográfica do Ceará traz benefícios imensos. Há sol e vento em abundância para a geração das energias renováveis mais limpas e menos poluentes: a solar e a eólica. Aproveitando esse privilégio, o Ceará não poupou esforços e se tornou um grande expoente e referencial no uso dessas energias. Atualmente a matriz elétrica do Ceará é composta por: (FIEC/ANEEL)

  • Não Renováveis: 46,4%
    • Carvão Mineral: 28%
    • Gás Natural: 12,1%
    • Petróleo: 6,2%
  • Renováveis: 53,6%
    • Eólica: 48,9%
    • Solar: 4,7%
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Praia Ceará

Hidrogênio verde – HUB

Além dessa capacidade elétrica através de energias eólica e solar, que serão expandidas, o Ceará já está na fase de planejamento do projeto de Hub de Hidrogênio Verde.

O hidrogênio verde é produzido através da eletrólise da água com a eletricidade gerada por fontes renováveis de energia, como solar, eólica e hidroelétrica. Com a capacidade eólica e solar que o estado do Ceará possui, o hidrogênio verde tem um grande potencial. Essa produção irá impulsionar o setor econômico, pois terá um papel importante na exportação dessa energia, irá diminuir a desigualdade econômica no nordeste do Brasil, contribuindo na geração de empregos e, para completar, se trata de uma produção de energia sem a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, mantendo o foco na redução de emissões estabelecidas no Acordo de Paris.

De acordo com Mônica Saraiva Panik, diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2) e consultora da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a expectativa é de que, até 2025, países que representam até 80% do PIB global já terão desenvolvido estratégias próprias relacionadas ao hidrogênio.

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ceara.gov.br

Curiosidade sobre o Ceará

O Ceará planeja transformar onda do mar em energia a partir de 2020: O estado nordestino é pioneiro no aproveitamento elétrico da energia ondomotriz, produzida pelo movimento das ondas do mar.

A energia elétrica pode ser gerada por diversas formas. No Brasil, as principais fontes usadas são a hidráulica, o gás natural, o petróleo e o carvão mineral. Os processos de produção que utilizam essas fontes, entretanto, apresentam desvantagens que ameaçam a natureza, como a emissão de gases estufa, poluição do ar e chuva ácida. Todavia, uma alternativa que respeita o meio ambiente foi instalada no Ceará em 2012: a usina de ondas do Porto de Pecém, localizada no município de São Gonçalo do Amarante.

Da usina do Porto de Pecém, espera-se gerar 100 quilowatts para abastecimento do principal porto cearense (energia que pode abastecer até 60 famílias locais). Por ter o movimento das ondas como principal fonte, a energia ondomotriz é limpa e renovável – não causando, assim, danos ao meio ambiente.

Além disso, é um processo que tem um grande potencial de exploração, uma vez que o Brasil possui um vasto litoral e constância dos ventos alísios, principalmente no Ceará. Esse fenômeno garante regularidade no movimento das ondas, o que aumenta a eficiência da usina.

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Usina de Ondas. Coppe UFRJ

Conclusão: Potencial da energia renovável no Brasil

A perspectiva para o Brasil passar a ser o primeiro país a usar 100% de energia renovável é, de fato, animadora. Mas a verdade é que ainda estamos bem longe de aproveitar toda nossa capacidade.

Para comprovar, basta dar uma olhada em alguns fatos científicos sobre o potencial das três principais fontes renováveis do Brasil, além da hidrelétrica.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil recebe mais de 2.200 horas de irradiação solar por ano. Se tudo isso fosse aproveitado por painéis fotovoltaicos e convertido em energia elétrica, seria o equivalente a 15 trilhões de megawatts.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o potencial de geração do país é de cerca de 500 gigawatts. Esse número é três vezes maior que o atual parque nacional gerador de energia elétrica com todas as fontes disponíveis.

Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostra que se todas as fontes de biomassa do Nordeste fossem usadas para fins energéticos seriam produzidos cerca de 55.000 GWh por ano.

Isso corresponde a grande parte da energia elétrica consumida na região em 2010, que foi de 60.592 GWh.

Temos um grande potencial natural e de localização geográfica que nos coloca em vantagem em relação a outros países.

Esse potencial ainda precisa ser melhor explorado, além de precisarmos reduzir o uso de energias provenientes de petróleo e derivados, principalmente no setor de transporte, onde o uso das energias renováveis não tem avançado como deveria.

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Referências Bibliográficas

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